HÉRNIA DE AMYAND COM APENDICITE COMPLICADA:RELATO DE CASO

Ana Carolina Saldanha da Cunha, Victória Rodrigues Gomes da Costa

Resumo


INTRODUÇÃO: A hérnia de Amyand é um tipo raro de hérnia inguinal e caracteriza-se pela presença do apêndice vermiforme, que pode ou não estar inflamado, no interior do saco herniário inguinal. A incidência varia em torno de 0,5% a 1% e 0,1% se ocorrer
apendicite aguda concomitantemente, sendo mais frequente em crianças devido a patência do processo peritônio-vaginal.
O diagnóstico pré-operatório da hérnia de Amyand é incomum; sendo,
na maioria dos casos, realizado durante a intervenção cirúrgica
de urgência.
A importância clínica reside no fato de que pode resultar em várias complicações devido ao diagnóstico tardio, com uma
mortalidade relatada de 6-15%.

RELATO DE CASO: Paciente, sexo masculino, 64 anos, dá entrada em um hospital terciário no município de Santos, São Paulo, com quadro de dor abdominal difusa, de maior intensidade em fossa ilíaca direita há dois dias, sem a presença de febre, náuseas, vômitos, inapetência ou alteração de hábito intestinal. Ao exame físico, apresentava-se estável hemodinamicamente, com abdome globoso, ruídos hidroaéreos diminuídos, distendido, doloroso à palpação superficial e profunda,com descompressão profunda positiva em fossa ilíaca direita. Dos exames subsidiários solicitados, destacava-se proteína C-reativa:32,24mg/dL. Em exame radiológico simples abdominal, padrão de obstrução intestinal com nível hidroaéreo em posição ortostática e sinal de ―empilhamento de moedas‖ em decúbito dorsal. À tomografia de abdome com contraste endovenoso, evidenciou-se
apendicite aguda possivelmente complicada, em hérnia inguinal direita. O paciente foi encaminhado para a realização laparotomia
exploradora, que confirmou apendicite aguda grau IVa em hérnia inguinal direita, sendo realizada ressecção de apêndice cecal e
drenagem de abscesso cavitário. Paciente evoluiu com melhora de quadro agudo, recebendo alta em seu quinto dia de pós operatório. A abordagem eletiva da hérnia inguinal ainda não realizada, devido necessidade de adequação de rotinas diante da
pandemia do Sars-Cov-2.

DISCUSSÃO: A abordagem cirúrgica da hérnia de Amyand com apendicite aguda deve ocorrer em dois tempos, o primeiro tempo consistindo em apendicectomia de urgência e o segundo tempo, herniorrafia eletiva.
A laparotomia exploradora mediana infraumbilical é defendida quando há suspeita de perfuração, abscesso pélvico ou apendicite aguda
gangrenosa. No caso relatado, embora incomum, foi possível realizar diagnóstico pré-operatório de apendicite aguda possivelmente complicada, em hérnia inguinal direita através da tomografia e nesta vertente, optou-se pela realização de abordagem cirúrgica via
laparotomia exploradora. Normalmente, o segundo tempo, com herniorrafia inguinal, é realizado de um a dois meses após
apendicectomia, de modo que seja possível a melhora do processo inflamatório, com consequente possibilidade de utilização de tela de polipropileno e redução do risco de recidiva de hérnia inguinal.

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ISSN - 2525-5827