EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E NOOPODER

Karla Saraiva

Resumo


A proposta do artigo é de mostrar que as narrativas sobre como devem ser e agir professores e alunos da Educação a Distância, encontradas em artigos acadêmicos, estão atravessadas por aquilo que Lazzarato (2006) chamou de noopoder. Inicio apresentando um quadro conceitual, onde se insere a noção de noopoder, e mostro como essa forma de poder vem se articular com outras duas formas características da Modernidade, segundo Foucault (1999, 2002): o poder disciplinar –que se exerce sobre os corpos individuais– e o biopoder –que se exerce sobre o corpo-espécie, ou seja, a população. Segundo Lazzarato (2006), o noopoder se constitui por técnicas de controle a distância, que capturam a memória e a atenção, cujo ponto de aplicação já não são os corpos, mas que se exercem preferencialmente na modulação das mentes. Os dispositivos de poder que se apóiam no controle a distância começaram a se desenvolver ainda no século XIX, conforme mostra a obra de Gabriel Tarde, mas tomam impulso no final do século XX, com o avanço das tecnologias de comunicação e informação. Lazzarato (2006), a partir de Tarde, aponta três características das técnicas de controle: cooperação entre cérebros, recursos tecnológicos arrojados e com ação a distância e processos de subjetivação e sujeição implicados na formação do público. A partir da apresentação de um breve quadro teórico, analiso excertos extraídos de artigos acadêmicos publicados em periódicos nacionais. Procuro mostrar que as características das técnicas de controle aparecem de modo explícito e recorrente naquilo que se pode tomar como uma produção discursiva dos sujeitos pedagógicos da Educação a Distância, o que sinaliza a articulação do noopoder com as práticas dessa modalidade educacional de crescente importância na Contemporaneidade.

Palavras-chave


educação a distância, noopoder, professor, aluno

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ISSN - 1982-6109 - Qualis: A4 - Quadriênio 2017-2020